quinta-feira, 2 de abril de 2009

"The Painted Word", Tom Wolfe

Ganhei o livro do César, amigo e colega de Ministério, servindo na Jamaica. Li em duas sentadas. E escrevi um mail pra ele. Aí que eu acho que está bastante aproveitável pra publicação em blog. Até porque em blog se publica qualquer coisa...

Abre aspas:

Oi, César.

Recebi o livro, finalmente. Li em duas sentadas. Acho que você quersaber o que foi que eu achei. Olha, tem que ver que Wolfe quandoescreveu isso estava em campanha. Aliás, criando sua própria vanguardapara falar mal de burgueses etc etc etc. Achei que o texto estavacumprindo seu papel, e que está mais integrado ao sistema, ao "monde"do que Wolfe gostaria de admitir. Afinal, gente pra pôr o dedo na carade Greenberg, Rosemberg, Steinberg e Iceberg é condição sine qua nonpara a existência de Greenberg, Rosemberg, Steinberg e Iceberg.

Em nenhum momento Wolfe analisa linguagem. Ou seja, ele não está olhando para a arte moderna nem para a arte contemporânea da época dele. Nenhuma obra é discutida em termos de recursos de linguagemvisual, tudo é visto como atitude. De fato houve isso, atitude,comércio, "plot" de rico novaiorquino para transformar NY numa cidade"du monde". Normal. Mas tem coisa boa na arte moderna. Até Pollock, que eu pessoalmente não acho tudo isso, bom, ficar perto de um Pollock grande, com várias cores, é agradável, tem efeito visual, uma pessoa pode olhar e não precisar de teoria para curtir aquilo. O bla bla bla do Greenberg sobre Pollock é uma chatice. O Rosemberg não é esse monstro todo, nem Steinberg. Iceberg afundou o Titanic.

É um manifesto, né. O Wolfe está fazendo exatamente o que um bom modernista deve fazer: colocando um monte de achismo com exclamação junto no papel, e buscando seu lugar ao sol como o "enfant terrible". Tudo para fazer parte do monde como o cara que fala mal do monde, como aquela passoa que deixa as pessoas pensando "ooooooh". Detrair para ascender. Muito comum em qualquer meio artístico.

Não achei ruim, não. Achei documental, apenas. Não serve para aprender sobre arte, é mais um documento de uma época. Aliás, meio desinformado. Por exemplo, o modernismo não se suspendeu nos anos 30. Aliás, o primeiro manifesto surrealista é de 1930.

E meio bobo, né? Tem tanto estudante de graduação em artes plásticas falando a mesma coisa... O Wolfe já estava meio velho em 1975 pra escrever tão ingenuamente.

Crítica valente que eu acho é o texto de Mikhail Bakhtin sobre Dostoievski. Pena que eu não vou encontrar por aqui pra te mandar. E um escritor que eu acho muito legal e que de verdade critica o que Wolfe gostaria de criticar de verdade, por sua reserva e tranquilidadee ausência no frufru do "monde", além da perfeição de linguagem (vamos combinar, né, "Fogueira das Vaidades" é chato pra caralho), é o Pynchon. Esse sim é macho.

Abração e obrigado pelo presente.

: fecha aspas.

Um comentário:

  1. Leticia3.4.09

    Hugão sempre promovendo a "obra" de Mikhail Bakhtin... ;)

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